Cordelirando...

quinta-feira, 6 de março de 2014

Guerreiras do Cariri



GUERREIRAS DO CARIRI
Quem dera ser uma Zuleide
Francisca ou Luciana
Quem dera ser Derineide
Marcela ou Damiana
Quem dera ser uma Nancy
Pra sorver do Cariri
Tudo de bom que ele emana

Quem dera ser Madalena
Ciça, Naldinha ou Diana
Pra ir a uma novena
Em pleno meio de semana
Lá no sul do Ceará
Onde se aprende a amar
Com muita ou pouca grana

Quem dera ser Ana Paula
Sammyra, Cris ou Silvana
Cuja luta é uma aula
Por uma vida mais humana
Pra quem chegou na velhice
E assim como Dona Alice
Ainda tem muita gana

Quem dera ser uma Rosa
Fátima ou Eliana
Pra trocar dedos de prosa
Na casa de Dona Joana
Tomando uma cervejinha
E se sentindo a rainha
Numa singela choupana

Quem dera ser Sayonara
Dane, Mazé ou Joaquina
Para mostrar minha cara
Em tudo quanto é esquina
Em greve, missa ou festa
Com um letreiro na testa
Lá na marcha das meninas

Quem dera ser uma Lia
Ceiça, Ivone ou Roberta
Pra descer na romaria
Como mãe, filha ou neta
Das mulheres desta terra
Que entre o vale e a serra
Sabem traçar sua meta

Quem dera ser uma Célia
Ou uma Cláudia Rejanne
Uma Fanka, uma Valéria
Íria, Neide ou Roseane
Para lutar de montão
Contra toda opressão
Deste machismo infame

Quem dera ser Margareth
Suamy, Nina ou Luzia
Pra poder pintar o sete
Por toda essa cercania
Falando em diversidade
E proclamando igualdade
Seja lá qual for o dia

Quem dera ser uma Vânia
Soledade ou Da Guia
Pra chegar no Estefânia
No pingo do meio dia
E brigar por mais saúde
Lutando pra que se mude
Os governos de tirania

Quem dera ser uma Sônia
Elaine, Nena ou Gisélia
Quem dera ser uma Antônia
Cirila ou Daniela
Para, com educação,
Transformar a região
Para que seja mais bela

Quem dera ser uma Raimunda
Matilde, Rita ou Ana
Para falar da profunda
Energia que emana
Do prazer que é cuidar
Daquilo que a terra dá
A quem com ela se irmana

Quem dera ser uma Nívia
Alana, Vera ou Toinha
Andrea, Bete ou Lívia
Marluce ou Terezinha
Para lutar por justiça
E humanizar a polícia
Que atua nesta terrinha

Quem dera ser uma Sâmia
Dina, Lúcia ou Corrinha
Pra não ligar pra infâmia
Das fofocas das vizinhas
E viver em plenitude
Torcendo para que mude
Gente de alma mesquinha

Quem dera ser uma Graça
Carla, Deise ou Helena
Pra poder ver minha raça
Enegrecendo essa cena
Com seus cabelos libertos
E seus olhos bem abertos
Mirando quem as condena

Quem dera ser uma Ravena
Manu, Elandia ou Carol
Para recitar um poema
Todo pintado de sol
Com um bando de amigos
Pretos, brancos, coloridos
Lindos feito um girassol

Quem dera ser Ildevânia
Bastinha ou Josenir
Rosário, Cátia ou Sandra
Para viver a parir
Um monte de poesia
Gerando nova energia
Pra ver o povo sorrir

Quem dera ser mãe Maria
Alice ou Salomé
Pra sentir a energia
Dessas mulheres de axé
Que lutam pelo direito
De não sofrer preconceito
Ao exercer sua fé

Quem dera ser Elisângela
Marleide ou Dagmar
Cilene ou Mariângela
Para poder divulgar
Pela mídia regional
Que as guerreiras do local
Sabem viver e amar

Quem dera ser uma Geralda
Antélvia, Nilda ou Dolores
Francy, Suerda ou Mafalda
Lavina, Creusa ou Das Dores
Pra ser feliz de verdade
Mudando a realidade
Em nome dos seus amores

Quem dera ser Regilene
Pautília ou Auxiliadora
Loreto ou Lucilene
Aparecida ou Denôra
Para ajudar as pessoas
A não viverem à toa
Nessa terrinha tão boa

Quem dera ser Adriana
Mara, Telma ou Ivonete
Débora ou Alexsandra
Raquel, Sheila ou Luzinete
Para não ser esquecida
E sentir-se tão querida
Como se sente Salete

Quem dera ser como elas
E outras não mencionadas
Pra lutar contra as mazelas
E propor outras paradas
Contra toda violência
E em prol da consciência
Do valor da mulherada

Quem dera ser como essas
Mulheres do Cariri
Cuja mais nobre promessa
É lutar pelo porvir
No Crato e no Juazeiro
Em Barbalha e em Granjeiro
Brejo, Aurora e Mauriti

Em Missão Velha e no Barro
Em Santana do Cariri
Lutando ou tirando sarro
Em Nova Olinda e Jati
Em Araripe e Porteiras
Todas são muito guerreiras
E sabem se divertir!

Várzea Alegre e Jardim
Milagres e Altaneira
Assaré, claro que sim
Tem guerreira de primeira
Caririaçu também
Onde eu tenho mais de cem
Amigas e companheiras

Em Araripe e Abaiara
Em Lavras e Potengi
Onde tem beleza rara
E canto de colibri
As mulheres tão lutando
Batalhando, avançando
Mudando aqui e ali

Em Salitre e Antonina
Também tem mulheres fortes
Farias Brito e Tarrafas
Assim como em Penaforte
No Baixio e em Umari
Todas estão a pedir
Que parem com tanta morte

É para essas guerreiras
Que faço mais um cordel
Feito assim meio às carreiras
Mas com gostinho de mel
É a minha oração
Repleta de gratidão
Registrada num papel

E para finalizar
Desejo em alto tom
Muita força pra lutar
Muito axé e muito som
Muita luz para seguir
Guerreiras do Cariri
À vocês tudo de bom!


Salete Maria

8 de março de 2014

Um comentário:

Felippe Serpa disse...

Muito bom, Salete! Seus cordeis são um alento para a alma. Parabéns!